terça-feira, junho 03, 2008

PETIÇÃO LUTA CONTRA A PIRATARIA!

Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República, O desenvolvimento da Internet tem sido, e ainda bem, verdadeiramente galopante de ano para ano. No entanto, as leis do nosso País não têm conseguido acompanhar a velocidade deste desenvolvimento pelo que com a disseminação da banda larga e com a oferta de tráfego ilimitado a partilha ilegal de ficheiros protegidos pela Lei dos Direitos de Autor tem sido cada vez mais facilitada e mesmo incentivada (recorde-se a campanha publicitária da "Vodafone" que tinha o slogan "Download de Filmes a uma Velocidade Impressionante"). O sentimento de impunidade deste tipo de crime é generalizada e a muito reduzida censura social do mesmo tornaram o acto de descarregar músicas ou filmes de forma ilegal em algo tão normal como enviar um vulgar E-Mail. O que as pessoas não percebem é que a Pirataria tem mesmo vítimas, pessoas de carne e osso, famílias que dependem do mercado de entretenimento para a sua subsistência. Se reparar, as discotecas (entenda-se lojas que vendem exclusivamente Cds de música) já foram aniquiladas, em 5 anos desapareceram cerca de 30% dos Vídeo Clubes deste País e a tendência é para piorar. Basta olhar para os números para perceber que os cinemas portugueses têm vindo a ter cada vez menos espectadores, que o mercado de aluguer de videogramas desce de ano para ano mas que, em contra partida o download de "torrents" cresce de forma avassaladora. Algo tem que ser feito de forma urgente sob pena de estarmos a criar no mundo cibernético um universo à parte sem lei nem grei, um verdadeiro Far-West onde tudo é permitido, de estarmos a lançar para o desemprego milhares de pessoas e de arruinarmos centenas de pequenas e micro empresas. Assim, esta Petição visa apelar aos nossos deputados que tomem medidas próximas daquelas que estão a ser executadas em França com o famoso “Acordo Olivennes”, onde aqueles que fazem, de forma repetida e reiterada, downloads ilegais vêem a sua ligação à Internet cortada e o seu nome numa “lista negra” de forma a que não possam restabelecer a ligação contratando com outro fornecedor de Internet. Apesar da França do Sr. Sarkozy estar na linha da frente, a verdade é que vários Países já mostraram vontade em seguir o exemplo, como o Reino Unido, a Austrália, Alemanha, Finlândia e mesmo o Japão. A forma como uma sociedade rejeita a pirataria é o espelho da sua saúde civilizacional pelo que Portugal tem que demonstrar que está lado a lado com os mais desenvolvidos. Para mais tem que ser dada uma mensagem forte a toda uma nova geração que já cresceu ao “som” da Internet e que acredita que a obra intelectual é fruto do ar e que não tem qualquer valor monetário, uma geração que ainda não aprendeu a dar valor e a recompensar aqueles que lhes proporcionam emoção e que lhes vão preenchendo os MP3 com a banda sonora da vida deles.

http://www.ipetitions.com/petition/lutacontrapirataria/index.html

4 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem, cá ficam os meus 5 cêntimos. Sou contra medidas extremistas e considero eliminar a "pirataria" cegamente um extremo com o qual não concordo.

Em primeiro lugar há que analisar porque a pirataria acontece; e não há apenas 1 factor, assim de cor posso adiantar que o preço dos media era demasiado caro antes da pirataria, ou ainda que nesta aldeia global há coisas que o mercado português pura e simplesmente não comercializa (só se comercializa o produto que vende em massa), para não falar na acessibilidade (sou de Lisboa mas tenho plena consciência que há muita terrinha de interior que, mais uma vez, pura e simplesmente não tem onde comprar ou alugar filmes.

Agora vejamos o exemplo pré-pirataria e pós-pirataria no mercado dos filmes por exemplo. Antes de se tornar uma vulgaridade esta coisa do file sharing 1 DVD rondava a média de 30 euros (e não podia ser novidade senão subia para os 40 ou 50). Agora já se consegue comprar por média de 15 e os mais caros lá chegam aos 20-30. Devo acreditar que as produtoras perdem dinheiro ? Que fabricam estas coisas porque gostam de gastar dinheiro ? A reposta é não. A margem diminuíu mas ainda se ganha e bem.

Os cinemas por exemplo, Harry Potter já havia pago todo o investimento efectuado no fim de 1 ou 2 semanas (ainda nem sequer tinha chegado a Portugal). Os donos de estúdios nada em dinheiro e as suas "estrelas" são pagas a peso de ouro, acerbando quantias que 90% da população mundial nunca irá ganhar na vida toda.

Estúdios, realizadores, produtores, todos a nadar em dinheiro e apenas duas personagens "pagam a factura" - o consumidor e o pequeno comerciante.

Na música idem - Britney Spears passou de parola pobre a rica (mantendo o estatuto de parola no entanto) em menos de 1 ano. Como seria isto possível se a pirataria estivesse a tirar assim tanto dinheiro ? Não seria nem é - a pirataria reduz as margens de "vergonhosamente altas" para apenas "muito altas" - mais uma vez só continuam a pagar os tais 2 personagens.

Podia ficar aqui a tarde toda mas creio que se percebe que a pirataria de uma maneira ou de outra demonstra uma falha no sistema de retribuição financeiro do mercado (seja música, filmes, programas ou jogos).

Temos portanto que analisar em detalhe o fenómeno. Mas e depois ? Depois há que perceber como solucionar os problemas mantendo um aspecto justo de remuneração a *todos* os intervenientes.

Algumas tentativas já foram efectudas. Tentou-se por exemplo colocar músicas online que o utilizador podia descarregar por cerca de 1 euro cada.

Em minha opinião uma tentativa estúpida (desculpem a sinceridade do termo) provávelmente tomada pelas mesmas pessoas que andam a acerbar as tais margens. Porquê ? Bem, se um CD tiver 13 músicas são 13 euros; que é quase o preço do CD em suporte físico. Para além disso os mp3 comprados desta forma têm quase sempre restrições estranhas e complicadas ou DRM ou coisas que dificultam a vida ao consumidor que quer apenas poder ouvir a música que comprou legalmente onde bem entender - não pode. Mas então qual a vantagem ? Nenhuma ... é melhor comprar o CD a bem dizer.

Outro aspecto a ter em conta é o desenvolvimento que a pirataria traz. Parece estranho dizê-lo mas sem pirataria não teríamos com certeza a rede de internet que existe em Portugal. Sem essa rede não teríamos Meo ou coisas do estilo nem tãopouco uma série de outras coisas que só temos por causa da banda larga. Sem a pirataria muitas pessoas não saberiam o que fazer com um computador porque simplesmente não tinha dinheiro para comprar o software (hoje em dia isso já não é desculpa com o Open Source mas nem sempre foi assim).

Por tudo isto e muito mais apoiaria uma petição para análise mundial da questão "Pirataria" mas nunca poderei apoiar uma tão simples como acabar com a Pirataria.

Tal como todos os outrs fenómenos que afectam a sociedade actual não basta "acabar com" - é preciso perceber a "causa de" e eliminar a causa ... não o sintoma. É quase como a droga - não se "acaba" com os drogados, percebe-se primeiro o que os leva à droga e aí sim, acaba-se com o mal pela raíz.

Enfim, um texto grande e que poderá não fazer sentido para todos mas fica o contributo e opinião, que afinal e contas é o motor de um blog.

Buz

Anónimo disse...

Já agora e para perspectivar o assunto.

Portugal
Salário mínimo = 426 Euros
CD Maddona Hard Candy = 18 Euros (4% do SM) (existe pirataria)
Hitman = 20 Euros (4% do SM) (existe pirataria)
Pro Evolution Soccer 2008 PC = 20 Euros (4% do SM) (existe pirataria)
Pro Evolution Soccer 2008 PS3 = 70 Euros (16% do SM) (NÂO existe pirataria)


França
Salário mínimo = 1154 Euros (quase 3 vezes superior ao português)
CD Maddona Hard Candy = 17 Euros (1% do SM) (existe pirataria)
Hitman = 19 Euros (1% do SM) (existe pirataria)
Pro Evolution Soccer 2008 PC = 19 Euros (1% do SM) (existe pirataria)
Pro Evolution Soccer 2008 PS3 = 70 Euros (6% do SM) (NÂO existe pirataria)


Reparem bem no pormenor do PES 2008 para PC ser vendido a menos de 1/3 do que na PS3 onde ainda não existe pirataria. Não, o esforço para produzir um ou o outro não é muito diferente nem tão pouco são os custos - é pura e simples "capitalização de aproveitamento".

Pergunto eu, se colocassem o preço igual ao PC (onde não acredito que percam dinheiro) não venderiam mais ? O consumidor não ficaria mais bem servido ? A razão da pirataria não ficaria um pouco mais injustificável ?

Porquê a pirataria ? Ok, voltem atrás e vejam bem os preços com e sem pirataria. Um simples jogo custa leva 16% do salário mímimo português ...

Agora sim, no more comments :-))))

Buz

Anónimo disse...

Caro amigo "Buz", eu concordo com alguns pontos defendidos nos teus comentários, principalmente o facto de os video jogos, terem preços quase inacessiveis à carteira da maioria dos portugueses, e "convidarem" à pirataria. Em relaçao aos filmes já não concordo totalmente. Defendo que o Estado tivesse um IVA reduzido para todos os bens e verviços culturais. Sendo assim por exemplo as novidades em vez de 20€ sairiam para venda por cerca de 16,5€, e os restantes a partir de 5€ como já se encontram nos hipermercados. Aliás, penso que no caso dos filmes a desculpa do preço é um argumento fácil, pois além de eles terem baixado significativamente, o filme está disponivel no videoclube por 2,5€ ou menos.
Vivemos numa sociedade consumista, e ávida de "ter", queremos ter acesso a tudo de uma maneira facilitada, e nesse aspecto a internet tornou-se num "oeste selvagem" tecnológico, vale tudo. Contudo temos de ter noção que a pirataria é um roubo, o que não acontece em Portugal. A pirataria neste momento prejudica autores, artistas, produtores, Estado, comerciantes de discotecas e videoclubes, destribuidores, vendedores, etc., ou seja milhares de pessoas e familias simplesmente porque jogam segundo as leis que regem a nossa sociedade. Num caso extremo de todos aderirem à pirataria quem vai pagar à indústria do audiovisual? Será que continuaremos a ter cinemas? (Já estão a fechar por todo o país!)As discotecas estão em vias de extinção, e os videoclubes, e falo com conhecimento de causa, a continuar por este caminho vão acabar também (em Espanha a Blockbuster fechou 90 lojas por causa da pirataria).
Mais uma vez, digo que concordo com alguns argumentos descritos no comentário anterior, mas por achar exagerado o preço de algo não quer dizer que vá roubar. Eu gostava mto de ter um Ferrari, mas como não quis roubar um comprei um Skoda. Agora se achamos que os preços são injustos e alguém está a tirar proveito disso, há que lutar contra isso. Mas continuo a pensar que a pirataria não é solução.

Rogério Ramos

Buzanga disse...

Bom ponto de vista sim senhor. De acordo.

Preciso esclarecer que não sou a favor da pirataria - apenas contra eliminá-la cegamente sem perceber o porquê - são coisas diferentes,não quero passar a mensagem errada.

A pirataria, tal como todas as coisas de carácter negativo da sociedade tem um aspecto positivo : mostrar o que está errado para que possamos corrigir.

E lá está : este tipo de interacção e debate é precisamente o que falta na tomada de decisões sobre este assunto. Os poderes vigentes recusam a ouvir os intervenientes - sejam eles intermediários, "piratas" ou no meu caso e da grande maioria : um simples consumidor.

Já o "roubar" já é uma expressão demasiado polémica e não quero ir por aí : copyright é muito mais complicado que um ferrari ou uma garrafa de água. Fica complicado debater porque são coisas distintas em natureza : um é material e o outro não. Por isso não vou analisar essa parte.

Agora quanto aos filmes e o preço não ser desculpa ... como falámos em conversa prefiro alugar ou comprar um filme (se realmente gostar dele a ponto de justificar). E sim, 2,5 euros por alugar é perfeitamente justo e aceitável - tal como comprar por 20 euros. Neste momento não existe qualquer tipo de "desculpa" para pirataria de filmes.

Mas esqueces uma coisa : só tens filmes à venda por 20 euros ... porque houve a pirataria em massa - antes disso eram o dobro ou o triplo tal como os jogos de PS3.

Tal como só tens CDs de música a 12 e 13 euros pela mesma razão : cheguei a comprá-los a 3 ou 4 vezes esse preço - muitas vezes com 2 músicas de jeito e o resto "para encher". Quem compra CD's há uns tempos sabe ...

A ambição desmedida e sede de dinheiro dos grandes das indústrias são os principais responsáveis pela pirataria. No final do dia pode dizer-se que estão a dar tiros nos próprios pés.

Concordo com os prejudicados excepto os produtores e artistas.

Os artistas que de facto são pirateados em massa não lhes falta dinheiro (vê os exemplos que mencionei da música e adiciona o Travolta com o seu avião privado no cinema, por exemplo). Os produtores ... essses não perdem nunca, de resto são os principais "sugadores de massa" dos artistas.

Os videoclubes são de facto prejudicados, concordo, e todos os intermediários das várias indústrias - novamente de acordo. E até o próprio consumidor que não pirateia (se um videoclube fechar fico sem sítio para ir alugar o meu filmeco relaxante).

Os cinemas já não concordo - são geridos por grandes e gananciosas corporations que também não querem saber de análise do problema e soluções alternativas.

Por exemplo, um popcorn movie é "taxado" da mesma maneira que um filme semi-amador, ou de "carácter cultural" ou mesmo ... nacional. É injusto cobrar os mesmo 5.5 euros pelo filme do Iron Man e por um filme nacional (por exemplo) que tem muito menos audiência, menos verba e até serve um propósito ligeiramente "diferente". Mas nos cinemas a lei da oferta e da procura não existe : leva tudo com o mesmo carimbo de preço. O que referi é boa idéia ? Não ? Sei lá ... mas que merece ponderação concerteza merece : mas os "power that be" simplesmente não querem saber ...

Além disso o cinema tem pouco que dizer no que respeita a roubo. Duas bebidas médias e um balde de pipocas grande custa 8.20 Euros !!! Isso não é um roubo ?!? Uma lata de Coca-cola custa (sem ser preço de revenda) menos de 50 cêntimos e um pacote de pipocas outros 50 = total 1 euro. Se o cimema vendesse por 2 euros ou mesmo 3 tinha 100% ou 200% de lucro - assim têm 700% !!!

Claro que podes dizer que o móbil das empresas é ganhar dinheiro e eu concordo, mas quando é desta maneira descarada e quase insultuosa é precisamente o que origina fenómenos como a pirataria.

E finalmente tens a hipocrisia final : o videogravador VHS/Beta (onde a Sony entre outros andam) ou mesmo o MeoTV, Zon e afins. Não têm eles um único e simples propósito ? Gravar filmes ou séries. Mas isso não é pirataria afinal ? Como se anuncia em plena estação de TV aparelhos de pirataria em massa ?

Um pouco em ironia esta da pirataria em massa mas é de propósito porque no fundo é cópia e quebra os direitos de copyright.

Resumindo, urge uma tomada de medidas e aí penso que estamos de acordo. O que acredito é que essas medidas, pelo rumo que vejo, vão ser absolutamente erradas e levar-nos na direcção oposta - vão ser piores. Mas isso também não me surpreende - já é hábito :-)))